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O projetivo, o psíquico e o simbólico na interpretação transpessoal dos sonhos (perda de dentes)
Publicado em: 27 de agosto de 2007, 13:40:58  -  Lido 5931 vez(es)



Em busca de uma abordagem integradora para a interpretação dos sonhos Parte 1: Perda de dentes e ectoplasma: O projetivo, o psíquico e o simbólico > Prof Enki: > Não sei se já foi comentado (ao menos ainda não li), mas dentes caindo em sonho é um forte indício de doação de ectoplasma. É comum haver sonhos com dentes caindo depois de algum trabalho assistencial mais pesado. Portanto, é até normal que projetores astrais sonhem com dentes caindo. Olá, Enki. É verdade, mas gostaria de aproveitar seu comentário para alavancar algumas considerações sobre o fato gerador do sonho (ainda que astral) e as implicações psíquicas da representação simbólica escolhida, não por acaso, pelo sonhador. Não é necessariamente um contraponto à sua posição. Parece haver consenso de que o tema universal "dentes que caem" em geral trate da PERDA, em alguma instância. Perda dos atrativos, perda de poder, perda da vida de alguém, perda da importância relativa em algum lugar ou relação, submissão aos ciclos da vida (dentes caem naturalmente ao longo da vida), a exaustão física ou psíquica em algum momento (perda de vitalidade) - e, é claro, a óbvia perda da libido, com todas as suas implicações. Nessa visão, concordo, a "perda de ectoplasma" de um projetor, bem lembrada por você, também seria uma das formas. É "perda", e dentes caindo são uma conhecida representação. Mas não a única. Nem um significado pronto. Explicarei. Numa visão um pouco mais transpessoal dos sonhos, há vários corpos produzindo sonhos diferentes (pelo menos sete, para usar a classificação mais aceita, oriunda do samkhya hindu e adaptada pela teosofia). Isso por si só já garantiria várias camadas de sonhos, para não falar da questão do tempo-espaço que os produz, que discutirei mais adiante. Se cada corpo de manifestação tem seus próprios "sonhos", pode parecer que nem todos teriam significados "psíquicos" imediatos, os quais seriam mais aplicáveis aos sonhos de corpos psíquicos. Mas a observação demonstra não ser sempre isso o que ocorre. O filósofo místico Osho lembra, com razão, que se colocarmos uma toalha úmida em cima de alguém que está dormindo, muitas vezes esta pessoa pode vir a sonhar que está molhada, ou nadando, ou na chuva. Isto é um sonho produzido a partir da percepção do corpo físico. Não é a regra geral do que move os sonhos, mas é um dos fatores. Ainda assim, no exemplo anterior, a simbologia escolhida para a água não foi acaso, ela passou pela psique, que falou de si própria e de seus simbolismos, independente do corpo que enviou a inspiração. A pessoa não sonha com "toalha", e sim com variações mais ou menos agradáveis de "água". O fator é só um gatilho, e não é a causa física o analisável, e sim o simbolismo escolhido pela psique. Registre-se que nem um extremo nem outro podem ser a regra. Necessidades fisológicas noturnas, por exemplo, podem gerar sonhos urgentes, incontroláveis, que provavelmente não merecem maior tradução psicanalítica. O exemplo de espiritualistas assistencialistas relaterem sonhos com dentes e os atribuirem a sua atividade projetiva de doação energética também é verdade comumente aceita entre os meios que estudam as saídas do corpo. Eu concordo com ela, mas questiono até que ponto a capacidade de quem está assumidamente observando a tradução onírica, e não o fato gerador, garante a origem física compatível com seu credo prévio - uma vez que, em se pressupondo uma experiência naquele momento simbolizada, até figura do amparador poderia ser uma metáfora para o Self... ou vice-versa. Caimos na anedota do peixe que, tendo dado um pulo além da água, volta dizendo que o Oceano é Maya (do sânscrito: ilusão), que a vida na água é muito "densa", que há mundos mais sutis além, dos quais ele comunga. Ironicamente ele só pode fazer isso a partir do próprio oceano, que limita e distorce sua visão, por exemplo, dos barcos pesqueiros que catalizam a "transcendência" dos cardumes que por ventura conduza a nadar rente à superfície próxima do sutil. A própria percepção da caverna já é uma sombra, em si. E nesse contexto, o real passa a ser o simbólico, este sim traduzível, tanto nos sonhos quanto nas projeções. Analizemos, ainda assim, o simbolismo dos dentes caindo como um fato real ocorrido em saída do corpo: Nesse caso, um projetor sonhando com dentes seria um sonho do segundo corpo, o etérico, praticamente uma variação mais sutil do corpo físico. O fenômeno ocorrido no campo intermediário interfere na produção do sonho, criando uma tradução a partir do dado, do mesmo modo que a toalha molhada citada por Rajneesh Osho. Ainda assim, o inconsciente do projetor, dentre várias possibilidades, escolheu fazer disso um sonho com perda de dentes (no sentido simbólico da perda). É provável que isso ocorra mais frequentemente com aqueles projetores que teriam fatos psíquicos que justificariam a mesma simbologia - ou tema - ainda que oriundo de outro contexto. Note que no sonho de outro projetor, a partir do mesmo estímulo de ectoplasmasma saindo da boca, poderia fantasiar, por exemplo, emanar um hálito de luz. Ou, dependendo das condições psíquicas, sucumbir a uma crise de náuseas, ou outras escatologias. O fato é único, mas o processamento psíquico interno é criativo, infinito... e pessoal. A doação de ectoplasma também sugere a saída de matéria bioenergética que estrutura todo nosso corpo, ossos, chakras e duplo. Doar isso, na visão espiritualista, poderia ser amplificado para "doar vida", inclusive em um sentido transpessoal. Sequer a oralidade acima precisa ser a regra (o que convida a uma releitura freudiana nas saídas fora do corpo, uma vez que o astral não elimina as paixões e cargas libidinais, talvez até as potencialize). Dependendo do momento ou mesmo saude psíquica, diversas outras metáforas poderiam ser adequadas ao caso estudado, um projetor doador de ectoplasma: - Ter intercurso sexual doando semem branco e leitoso (metáfora óbvia), o que levaria a analisar como e com quem anda transando ou deixando de transar, tanto no sonho quanto na vida real. - Permitir, a partir de si, a vida de um outro ser. Ainda assim, alguns poderiam ter sonhos como pai, outros como mãe. Homens poderiam se ver grávidos. Outro poderia ter uma cena que lembrasse o filme "Alien". Ou as enguias do "Apanhador de Sonhos" (um filme inteiro "sonhado", história vista a partir do inconsciente e suas associações, e por isso não compreendida pela maioria). Haveria outros exemplos, mas a idéia é comum: uma toalha molhada pode levar a sonhos com enchente, mas nem todo sonho com enchente "é" toalha molhada; e mesmo quando é, não dispensa a interpretação psíquica paralela. Doar ectoplama pode levar a sonhos com dentes, mas é vago fazer o caminho contrário e associar "sonhos com dentes" a "doação", uma vez que mesmo em projetores esta é apenas uma das muitas manifestações de sua existência física, psíquica e espiritual. O símbolo é bem mais importante do que o fato gerador, e se a expressão se deu em sonho, sujeita-se a seus mecanismos psíquicos independente da origem ser um fato do dia anterior, uma premonição sem importância de evento do dia seguinte... ou uma doação de ectoplasma em tempo real. Ectoplasma não sai só pela boca, e quando sai, não vem dos dentes - ou, pelo menos, não só. Os que fazem essa associação, e não outra, deveriam ainda assim, a meu ver, questionar os simbolismos psíquicos escolhidos para a associação do evento percebido. A explicação de "ser doação ectoplásmica" está corretíssima enquanto possibilidade, mas há o risco de alguém ancorar-se nela como racionalização, desviando o sonho de sua função maior. Tenha o sonho origem física, psíquica ou transcendente - e particularmente tenho dados para crer existir realidades conscienciais nos três níveis - a ciência da "origem" e do "fato", inclusive em seus estudos filosóficos ou espirituais, não deve competir com a interpretação simbólica em paralelo, sob pena de converter-se em mecanismo de defesa. A experiência junguiana, humanista e transpessoal - e até mesmo a psicanalítica clássica - parecem endossar a presença de um sentido existencial nos recados oníricos, intimamente ligados à condução de vida em aqui-agora do sonhador, e que parece ocorrer em todos os planos e tipos de sonhos, dos mais físicos aos mais sutis. Em minha visão transpessoal particular, isso pode inclusive ser a forma como o sonhador (ou projetor) percebe a comunicação imprescindível que lhe tenta fazer, ainda que simbolicamente, o Amparador, Self, Eu Maior, Mente desconhecida, Guia, Subconsciente, Insconsciente Coletivo, Deva... ou mesmo o termo de adoção mais comum (e, a meu ver, menos dogmático, incluindo aí os "credos" atuais da ciência e psicologia cética) para a voz do UM que fala dentro dos sonhos. Se todos os termos são, em algum nível, imprecisos ou incognoscíveis, prefiro chamá-Lo mesmo de... "Deus". Lázaro Freire Psicanalista Transpessoal... e projetor astral. http://www.voadores.com.br/lazaro <<< continua >>>
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Lázaro Freire
lazarofreire@voadores.com.br


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