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RELATO: Voando por sobre as ondas de Maya (refletindo sobre dharma, amor e felicidade)
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 19:39:40  -  Lido 5934 vez(es)



> Roque, sobre Maya:
> O que pode ser exercitado é a compreensão de que seus fenômenos
> não podem ter força para destruir a nossa paz de espírito. A
> melhor maneira de viver dentro dela.

Numa projeção minha de segunda para terça (Maio de 2005), a amparadora espiritual que ma apareceu me (re) lembrava desta conclusão óbvia que na prática esquecemos.

Eu havia dormido exausto. Após fazer atos corretos, com consciência tranquila, algumas áreas de minha vida emocional estavam simultaneamente ameaçadas por coisas que aconteceram a terceiros. Ou por reações equivocadas destes terceiros a eventos que lhe aconteceram - transferindo ou fazendo "sobrar", de algum modo, para mim.

Não posso dar detalhes, mas a situação era preocupante e complexa. Tentei meditar, pedir orientação. E assim dormi, ainda no sofá.

Fui "acordado", no meio da noite, em amor, por uma voz feminina, mais do que melodiosa, pura expressão da compaixão e compreensão. Não há palavras que transmitam o amor e harmonia emanados pelo simples entonar daquela voz.

E mais do que palavras, as idéias que ela me passava vinham em bloco. Foram apenas quatro frases, cada um com uma idéia, e estas com uma conexão entre si. Ocupam página importante de meu caderno de sonhos e projeções.

Mas adianto que o primeiro dos blocos de idéias que suas quatro frases transportavam me lembrava exatamente disso: Meu mundo interno, uma vez ordenado, não pode ser abalado pela desordem de ninguém. Deixar isso ocorrer não é o mesmo que amar ou respeitar as pessoas, chefes, amores, familiares ou situações.

Com uma única frase "dita", mergulhei em um estado de superconsciência que dificilmente ocorre fora da projeção astral, e compreendi que meus atos são justos, minha atitude é correta (dharma), una, coerentes com palavra, justiça, trabalho, amor, responsabilidade, crescimento ( material e espiritual; meu e de outros), confiabilidade, compromisso, ética, presença, atitudes, coração. E não é orgulho perceber isso, é um caro patrimônio, construído com muito trabalho daqui e amparo de lá, que exige até mesmo a minha responsabilidade em preservar.

O que fira isso, vindo do externo, não é algo que ocorra à minha atitude ou caráter, nem inviabiliza o que é feito - e, portanto, não pode afetar meu estado íntimo, se pretendo ter postura de amparador. É algo que ocorreu ao OUTRO, que causou (karma=ação, a reação é embutida) do que a quem a "sofreu". NInguém nos trai, traem a si próprios, e à oportunidade que vida lhes deu.

Não há dependência do ESTADO do outro para nossa felicidade. A desordem alheia não é espelho de nosso amor. Poderia parecer chavão de auto-ajuda, mas ali trazia outra percepção. A amparadora mantinha um sorriso desconcertante, e transmitia a paz de uma qeurida irmã mais velha, ou de alguém que nos conheça - e ame - profundamente.

E me fazia ver, em uma espécie de retrospecto, todas as minhas melhores atitudes para quem me despriorizava. Revi o quanto aproveito todas as oportunidades que me são dadas, adequadamente, com os recursos que tenho em mãos, e como tenho atitude em relação a elas. Ora, isso gera PAZ, felicidade, amor - a benção adquirida pelo dharma.

Ora, então se enventos externos - um carro, um desamor, um trabalho, uma má reação, uma quebra de compromisso, um chefe "injusto", um "revés" qualquer - ocorre, vindo do externo, precisa ser visto como externo. Minha felicidade, que é interior, não pode estar em suas mãos.

Um aspecto interessante do que ela me passou foi que a felicidade não depende do estado interno dos outros, saindo do lugar comum de dizer que "não depende de ninguém" - chavão tantas vezes usado como justificativa para fuga, egoismo, falta de reciprocidade - ou incapacidade de compartilhar.

É evidente que meu trabalho depende da empresa. Minha afetividade depende de outra pessoa. Minha divinade depende do reconhecimento da divindade do outro. Para dar um curso falando de fugir do mundo, dependo da presença dos alunos do mundo, ali. E o escritor que escreveu que a felicidade não depende de ninguém dependeu de seus leitores para que comprassem seus livros, e ficou provavelmente feliz quando um editor o publicou, dependendo disso também para chegar ao leitor.

Estando em "maya", portanto, é impreciso dizer que sua felicidade não depende de ninguém. Por exemplo, seu dharma pode estar - dentre outras coisas - relacionado a uma vida afetiva, à educação de filhos, à estabilidade emocional e material que poderia COMEÇAR a ser traçada através de um justo comapartilhar com alguém afim. Logo, neste caso, a afetividade estará no caminho de sua felicidade (no sentido em que pode ser vivida, como estado de consciência, aqui). E neste caso, como é que sua felicidade não depende de ninguém, se sua afetividade, sim?

NInguém diz isso a uma mãe que acaba de perder a filha, mas todos tentam dizer a quem, em tendo um coração que mereça o nome no peito, tenha dificuldades em lidar com a perda de um grande amor.

Se somos células de um mesmo todo, o que ocorreria se uma célula de seu corpo decidisse equivocadamente que a "felicidade" dela não depende de nenhuma outra, e deixasse de trabalhar para o Todo? Acumulando, seria um tumor. Afetando os outros com sua "atitude", seria um câncer. E simplesmente parando de trabalhar para o organismo, morreria. Se minha "felicidade" (entre aspas) naõ depende de ninguém, só consigo formular este pensamento em vida porque dependo, para isso, que as células de "meu" corpo não pensam assim.

Poderiamos redefinir felicidade para um estado maior, o que não deixaria de ser correto. Mas nesta referência em que falo, destaco a ênfase no não-egoismo, no compartilhar. Na consciência de que podemos contar com os outros, e interagir humanamente. Mas que nem por isso precisamos deixar nosso estado interno variar pelo que ocorre ao outro. Ainda que seja uma atitude negativa em relação a nós.

E com aquele amor todo, a amparadora me passou essas idéias, e muito mais, mesmo tendo "enunciado" apenas uma frase curta só. As vezes penso, em analogia com os computadores, que esses amparadores se comunicam por "interface paralela", e não "serial". A informação vem em bloco, multinível, multidimensional.

Nas outras frases ditas, havia o mesmo efeito, em outros assuntos privaticos - e dolorosos - de minha vida emocional. Mas uma das frases interessantes foi a terceira, em que dizia que uma pessoa "fora de seu centro" tem a oportunidade de alinhar-se em sintonia com o cosmos, através do amor - ainda que para alguns isso se dê como interesse, atração e desejo por algo ou alguém que com ele esteja mais uno. Pensei em tantas linhas que dizem o contrário, condenando os desejos como vilões evolutivos. Nesta visão, seria o contrário. O amor de alguém com mais centro faria o papel de um mestre para o estágio evolutivo do outro. Evidentemente, o papel destes nunca é fácil, e raramente possuem um bom fim. Faz parte do arquétipo, em amor.

Lembrei também de meu amigo Wagner Borges, falando do mecanismo dos avatares: unos com Deus, pedem para que meditemos neles, já que o intangível seria abstrato para a maioria. Como eles estão mais unos que nós, chegamos a Deus amando o que representam Buda, Krishna ou Jesus.

Transportando isso para o ensinamento da amparadora, entendi que em qualquer amor evolutivo, até mesmo numa atração, temos uma reprodução - guardadas as devidas proporções, é claro - do mesmo mecanismo desta força do amor. Nada mais natural, uma vez que "a vida é o amor d´O Todo em nós" ( vide relato projetivo sobre "Magia Mental", em http://groups.yahoo.com/message/voadores/46025 )

É difícil explicar aqui o que são estas frases com idéias: o que os amparadores falam costuma ser algo "simples", porém "enriquecido" de algum modo. A impressão é de que as palavras enunciadas são apenas "mídia" para um conteúdo maior, e isso me remete as considerações que sempre fazemos em relação à energia enviada junto com o que falamos, até mesmo por uma mensagem de email. E quando eles falam a simples palavra ou frase, como vasilhame que contém um bloco consciencial, então a IDÉIA PRONTA, com seus insights e elaborações, é implantada diretamente em nós.

Penso, então, que a reflexão pode ser fruto de uma digestão consciencial.

Isso me faz lembrar da fábrica de idéias do UM... E me fez refletir também no comentário da Dra. Fernanda, aqui na voadores, hoje, sobre ARTHA, KAMA, DHARMA e MOKSHA, em que ela citava que "É melhor morrer no cumprimento do próprio dharma: o dharma de outrem está cheio de perigos". ( Vide http://groups.yahoo.com/message/voadores/51946 )

Refletindo sobre isso, fui levado às considerações do Wagner, sobre viver com honra, agarrando-se à espiritualidade: "a amante que nunca lhe trai". Mas me faz refletir também qua nada nos impede de escolhermos, por amor, viver os perigos do dharma compatilhado, e da união, multiplicar e crescer.

Lembrei também do Wagner falando sobre a honra dos exus e "contratados" do astral, que tem uma garra no (seu) caminho tal que a maioria dos "estudantes" (sic) espiritualistas não tem em seu cotidiano, mesmo tendo a seu favor o fluxo evolutivo do que chamamos de "bem". Dharma.

E pensando em dharmas aparentemente contraditórios, lembro que ainda que no meio da batalha (como no Baghavad Gitá), ainda que lançando flechas (como Arjuna) e andando sobre os cadáveres (Om Namah Shivaia!), é primordial que cumpramos o NOSSO dharma (como lembrado pelo Supremo Senhor).

Hoje, no refeitório da empresa, eu preparava meu indispensável chá verde (recomendo) para começar o dia.

E como faço em todas manhãs, nestes momentos em que aguardo a água aquecer, olhava pela janela o sol refletindo nos prédios da região da Paulista / Jardins, respirando pausadamente. E enquanto preparava meu chá, refletia hoje exatamente sobre o que comentei acima, e que vem sendo a tônica de meu estado de consciência, nesta semana, desde o toque projetivo de amor e discernimento de minha amiga espiritual.

Curiosamente, pensei, quanto mais mantenho o sorriso e a calma no meio dos caos externos, observando-os naturalmente como um fluxo de marés, mais evidente fica o quanto o externo não precisa ser o guia de nosso estado - a não ser que permitamos.

Como véus de Maya sendo rasgados no campo psíquico e humano, fica mais fácil, no centro, discernir as variações dos demais. Sem julgamento, sem cobrança - mas sem se deixar levar, nem perder a JUSTA condução.

E mais que pensava, eu literalmente VIA, em expansão de consciência, como um observador externo de mim mesmo, como estou bem, em paz, com consciência tranquila e amor: Produzindo como nunca na empresa e na via espiritual. Amando com maturidade. Resolvendo problemas difíceis sem abalo. Reunindo a banda em que toco novamente, para um satsanga, após tempos de separação. Fazendo novos cursos, sobre novos temas. Replanejando minha a carreira com o mínimo de riscos e máximo de resultados. Materializando o espaço da voadores, e colaborando com a Maniji. E tudo isso justamente num período em que tudo parece "desabar" à minha volta. (Para mais detalhes do período, vide relato sobre tragédias síncronas ao uso do Ankh no começo de relacionamento com a Cristina Cipolla, em http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=colunas&view=4&id=147 )

Impossível, vendo minha tranquilidade na tormenta, não me lembrar de um sonho, quase profético, que eu relatei há pouco tempo atrás. ( Vide: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=60525&tid=1425194 )

E ao pensar sobre tudo isso, eu também traçava um paralelo com discussões sobre processamento cerebral límbico, cortical, neo-cortical e reptilianas que haviamos tido na aula de ontem do curso de formação em psicanálise transpessoal que eu, Valter Cichini (moderador da voadores), meu "irmão" Olavo Borges e a amiga Adriana Splendore (terapeuta, e radialista da Mundial) estamos fazendo - e sua consequência nos novos conceitos sobre o cérebro que a ciência descobriu de dois anos para cá, os quais, em muito, confirmam "crenças" que espiritualistas e hindus já recomendavam há tempos.

Em um momento, no meio destas tantas reflexões da hora do chá, eu estava abaixado, em um canto atrás da porta, jogando folhas molhadas no lixo. Desatento, pensando na projeçao de segunda.

Quando me levantei, diante de mim estava uma jovem e bela advogada, contratada há pouco tempo pela empresa. Ela entrou rapidamente, e não havia me visto ali. Como levantei no mesmo instante, tivemos um esbarrão, por "acidente".

Face ao inusitado, um surgindo para o outro "do nada", já próximos, como ocorreria em um contato espiritual, ela abriu um sorriso franco, amplo, devido ao inusitado. Impossível não lembrar da também bela amparadora. Tive que abrir um também...

E então, ela me perguntou:

- Ops! Tudo bem com você?

Em paz, disse, exteriorizando justamente o que eu pensava, sem deixar de sorrir e emanar o que eu sentia:

- Comigo, tudo ótimo. Em minha volta, nem tudo.

E ela, captando meu pensamento, me surpreendeu, e disse:

- Parabéns, então, por manter sua serenidade interior, pelas suas atitudes, e compreendendo que o externo não pode afetar sua felicidade. É uma grande aprendizado, isso...

Não era o seu tom de voz. Ela, que é uma mulher bonita (apesar de trabalhar aqui :-), parecia mais bonita que o usual, sorrindo, e com olhos brilhando, após enunciar um tipo de reflexão que não é o que normalmente se escuta num refeitório de empresa de cobranças.

A não ser, talvez, quando se está preparando chá, meditando no Tao...

Ainda consegui dizer:

- ... nem sempre é fácil, mas ...

e antes de eu terminar a frase, ela disse exatamente o que eu diria a seguir:

- ... mas nisso consiste a arte de viver aqui. Um BOM DIA para você!!!

Mais um sorriso, e se foi, me deixando com as folhas de chá verde, olhando o sol refletindo nos prédios da Avenida Paulista, refletindo o Tao que eu beberia, em prece, a seguir...

E eu, boquiaberto, fiquei pensando se aquela amparadora de duas noites anteriores não poderia estar passando por ali...

Somos todos um só!
A vida é o amor d´O Todo em nós!

Om prema,

Kesharananda
(também conhecido por sua persona Lázaro Freire)

--
Lázaro Freire
lazarofreire@voadores.com.br


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