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CONTO: Cor de Âmbar
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 17:29:34  -  Lido 2792 vez(es)



Cor de âmbar (Um conto projetivo)

- ... vestidinho, sandalinha, brincos... duas pintas...
- Não ajuda muito... É preciso mais detalhes.
- Os olhos... A cor dos olhos... claros, cor de âmbar, como pedras gêmeas refletindo a luz de uma manhã de outono...
- Opalescentes, então? Quem sabe como opalas, num dia de verão?
- Não. Definitivamente ambarinos... No outono.
- Bela, então?
- Talvez. No momento pareceu-me a mulher mais linda do mundo.
- E o senhor viu-a uma única vez, numa... como foi que o senhor disse? Numa projeção astral?
- Precisamente.
- E agora quer que eu a encontre?
- Exatamente. O senhor é detetive particular, não é?
- Sim, sou. E projetor astral, também. Veio à pessoa certa. Bem, eis a tabela de preços. E cobro um pequeno sinal, adiantado: metade do pagamento agora, metade quando eu encontrá-la.

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- O senhor pediu que eu viesse... Alguma novidade?
- Bem... O senhor mesmo poderá me dizer. Olhe aqui pela fresta da porta, ali sentada naquela outra sala. É ela?
- É! Ela mesma! Não acredito no que vejo, mas é! Posso ir até lá?
- Claro que sim. Mas primeiro...
- Sim, sim, o resto do pagamento...
- Não, isso o senhor deposita amanhã na minha conta, quando estiver acordado.
- Como? Quando eu estiver... acordado?
- Sim, era isso que eu ia avisar, primeiro... O senhor perdeu-a numa projeção astral, e então eu a trouxe de volta agora, em outra projeção astral. Esta projeção, em que estamos agora. Nunca combinamos que não seria assim.
- Mas... mas olhe, ela está se esvaindo... está indo embora, se dissolvendo...
- Deve estar voltando ao corpo físico... Bem, não é minha culpa. Minha parte eu fiz.

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Nunca mais a viu. Não pagou o resto, mas também nunca pediu de volta o adiantamento que fizera. Uma vez sonhou com um par de olhos claros, mas não eram ambarinos. Puxavam mais para o castanho, avelanados, e não tinham a luz pálida das manhãs outonais.


Bene Cohen
Maio-2006

--
Benedicto Cohen (Bene)
beneluxbr@yahoo.com.br


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