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>> Colunistas > Benedicto Cohen (Bene) Maya Publicado em: 04 de setembro de 2006, 15:52:44 - Lido 2769 vez(es) Um dos principais conceitos da filosofia indiana e budista é o conceito de maya. Hoje a palavra é indistintamente usada e abusada para designar qualquer forma de ilusão que encubra a 'verdade verdadeira', seja lá o que isto for. Mas vc merece saber de que forma os antigos usavam esta tão importante palavra... Para entender melhor, comecemos por um dos temas mitológicos básicos do Hinduísmo: o conceito de atma-yajna. O mito fala do auto-sacrifício de Deus (Brahman), o UM, que se multiplica para criar o mundo, e por meio do qual os homens (os Muitos), seguindo o modelo divino, voltarão a reintegrar-se a este mesmo UM. O ato da criação do mundo é o mesmo de sua des-criação, e por isto os hinduístas dizem que o mundo é Deus brincando de esconde-esconde consigo mesmo. Este jogo é chamado de 'lila'. Ao criar o mundo, este Deus, por um ato de abandono, converte-se em TODOS os seres, sem por isto deixar de ser Deus. Na verdade, ele é o único Ator a representar TODOS os inúmeros papéis. No final de tudo, ele condensa todos seus múltiplos, voltando a ser um só, para recomeçar o jogo (lila) uma vez mais. Ou seja: O UM morre para se converter em Muitos, e os Muitos morrem, para se converter em UM. Beleza? Ok. Pois bem, se "Tudo é Brahman", e os "Muitos" na verdade são "Um", qualquer dualidade será um falso produto da imaginação. Pois de acordo com o conceito do "Tudo é Um", Brahman não é o 'Um em OPOSIÇÃO aos Muitos'. Brahman na verdade NÃO TEM oposto, e está fora de qualquer sistema de medição ou classificação... Assim, quando começamos a classificar as coisas em opostos, começamos a cair em maya. Toda classificação é maya. A palavra 'maya' deriva da raiz 'matr', de onde vieram as palavras 'medir', 'metro', 'material' e... 'matriz'. E o homem, para classificar, usa a divisão. Divide em partes, divide em medidas de tamanho, volume, etc. Em sânscrito, as palavras equivalentes a 'divisão' e 'dualidade' têm a mesma raiz: 'dva' Assim, dizer que o mundo, do jeito que o percebemos, é Maya, é o mesmo que dizer que o MODO que estamos usando para perceber o mundo está muito mais voltado para sistemas de classificação, medição e outras divisões, do que para a pura observação das realidades da natureza. O ato de definir, colocar limites, delinear, pesar, medir, será sempre um ato de divisão, e portanto de 'dualidade'. Quando na verdade o Todo é UM só. Enfim, aprender a ver através do véu de Maya é esforçar-se para entender esta Realidade Última, é entender que tudo faz parte de uma Única e Mesma coisa, que é Deus, que é o mundo, que somos nós. Bene Baseado no que aprendeu com o velho Allan Watts -- Benedicto Cohen (Bene) beneluxbr@yahoo.com.br
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